sábado, 28 de fevereiro de 2009

ORAÇÃO AO AMANHECER


Que a caminhada seja dura
Que o caminho seja longo
Qoue os obstaculos sejam grandes
Que os inimigos sejam muitos
Que o medo seja implacável
Que a dor seja insuportável
Mas que ao final de cada caminhada
A lição seja melhor
A alegria seja maior
Que o sonho não se perca
Que a fé se multiplique
E que saibamos o quanto a vida vale a pena
Amém!
(Carlos Rocha)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Grande Ditador




Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.



Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.



O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.



A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.



Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!



Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.



É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!




Charles Chaplin

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Lenda de Narciso



Narciso era um belo rapaz que todos os dias ia contemplar sua beleza num lago. Era tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado. No lugar onde caiu, nasceu uma flor, que chamaram de narciso.

Mas não era assim que Oscar Wilde acabava a história. Ele dizia que quando Narciso morreu, vieram as Oreiades - deusas do bosque - e viram o lago transformado, de um lago de água doce, num cântaro de lágrimas salgadas.
- Por que você chora? - perguntaram as Oreiades.

- Choro por Narciso - respondeu o lago.

- Ah, não nos espanta que você chore por Narciso - continuaram elas. - Afinal de contas, apesar de todas nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, você era o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto sua beleza.

- Mas Narciso era belo? perguntou o lago.

- Quem mais do que você poderia saber disso? - responderam surpresas as Oreiades. - Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias.

O lago ficou algum tempo quieto e por fim disse:

- Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que Narciso era belo. "Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos minha própria beleza refletida."

Retirado do livro "O Alquimista" de Paulo Coelho.




Já havia lido esse texto algumas vezes e resolvi postar aqui, pois acho muito interessante a forma que Oscar Wilde interpreta e dá continuação a história.

Com a continuidade de Wilde notamos o surgimento de um "narcisismo" duplo. O do próprio Narciso, que que é tão fascinado com sua beleza que passava os dias a si contemplar nas margens de um lago, do qual usava como espelho suas águas. E por fim, o "narcisismo" do lago, que assim como Narciso ou talvez até mais que o próprio Narciso, também era fascinado com a própria beleza e usava os olhos de Narciso como espelho.

O termo "narcisismo", como tantos outros emigrados do campo psíquico, tornou-se vulgarmente usado para indicar alguém vaidoso ou egoísta.

Não sei como Oscar Wilde interpretaria essa narrativa, qual seria a "moral da história", qual mensagem ele gostaria de passar aos leitores. Mas após ler esse texto varias vezes, passei a ter uma visão sobre ele, minha própria interpretação. Não sei se seria essa a forma de Wilde pensar, mas minha interpretação é a seguinte:

Em sua narrativa, Oscar Wilde passa o foco principal para o lago, onde surge um dialogo entre esse e as Oreiades (deusas do bosque). Ao ler esse dialogo, vejo um lago humanizado, um segundo Narciso, vaidoso, egoísta e egocêntrico.

Assim como o lago, muitas vezes é o que acontece em nosso dia a dia. Somos tão fascinados por coisas banais que mal conseguimos enxergar o que está em nossa frente. Quantas vezes perdemos pessoas amadas pelo simples fato de não conseguirmos enxerga-las, já que estamos cegos pela vaidade, orgulho, egoísmo?! Quantos são os momentos que nos sentimos sós, mesmo cercados por uma multidão? Quantas vezes nos arrependemos por algo, mas já é tarde de mais para se arrepender?


Na minha interpretação, vejo o lago como um ser humano em conflito com si mesmo e as Oreiades (deusas do bosque), seria nesse caso a sua consciência. Uma consciência pesada por ter perdido algo tão importante e nunca ter se dado conta, por ter tido talvez "um amigo fiel sempre ao seu lado" e nunca ter sido capaz de enxergar nada além de seu reflexo. E é assim com nós mesmos. Quantas vezes nos vemos transformar em algo terrível pelos nossos sentimentos medíocres, por não conseguirmos ver a verdade além de nós mesmos? Quantas vezes nos pegamos com a consciência pesada? Quantas vezes nossa consciência nos pergunta:

" Por que você chora?"

E agente responde:

"Choro por alguém!", " Choro por alguém que perdi!" ,"Choro por alguém que eu amava"...

E vem a nossa consciência e diz:

"Ah, não nos espanta que você chore por esse alguém,você era o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto sua beleza, seu carinho, sua amizade, seu amor..."

E nós em nosso complexo de superioridade, nosso excesso de egoísmo, orgulho e egocentrismo, custamos a enxergar a beleza e as qualidades do nosso próximo:

"Mas essa pessoa era tão era bela?", "Essa pessoa tinha tantas qualidades?"...

Muitas vezes não nos damos conta da dimensão de nossa perda e choramos apenas por nós mesmos, por já estar acostumados com aquela rotina, por já estar acostumados a usar pessoas como escada, como uma forma de nos impor, como uma maneira de aparecer, de poder nos enxergar:

"Eu choro por essa pessoa, mas jamais havia percebido que ela era tão bela.", "Choro por essa pessoa porque eu podia ver, no fundo dos seus olhos minha própria beleza refletida."

E é assim muitas vezes nos vemos refletidos nos olhos de quem nos ama, de quem nos admira, mas nem sempre sabemos retribuir esses sentimentos. E quando as perdemos, muitas vezes, inicialmente, choramos pelo simples fato de perder algo, já que ninguém gosta de perder. Mas depois de um tempo começamos a perceber o tamanho da perda, o quão grande é a falta, a dimensão da dor, mas aí já é tarde de mais e a única coisa que nos resta é nos transformar de "um lago de água doce, a um cântaro de lágrimas salgadas."

(Carlos Rocha)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

QUANDO VOCÊ FOR EMBORA

Quando você for embora, não me diga"Adeus!",
Diga "Até logo!".
Quando você for embora, não aperte minhas mãos,
Aperte meu corpo contra o seu.
Quando você for embora, não me peça para não chorar,
Apenas chore comigo.
Quando você for embora, não me peça para ser forte,
Apenas me peça para aguentar.
Quando você for embora, não me diga que a dor irá passar,
Só me ensine a conviver com ela.
Quando você for embora, não me peça para não perder a esperança,
Me ensine a ter fé.
Quando você for embora, não olhe na minha face,
Olhe nos meus olhos e veja a minha alma.
Quando você for embora não me faça juramentos sagrados e nem falsas promessas,
Prometa apenas que vai se cuidar.
Quando você for embora, lembre-se:
Em algum lugar do tempo ficou escrito a nossa história.
(Carlos Rocha)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O QUE EU NÃO QUERO


Eu não quero morrer de amor
E nem matar de ódio.
Não quero ser mais um na multidão
E nem ser uma multidão para ninguém.
Não quero ser fraco para os fortes
E nem forte para os fracos.
Não quero ter a fé de um santo
E nem a descrença de um cético.
Eu não quero ser o poeta de um mundo sem poesia
E nem a poesia de um mundo sem poeta.
Não quero chorar pelos mortos
E nem morrer pelos que choram.
Não quero acreditar em mim mesmo
E nem quero que ninguém acredite.
Não quero ser a pessoa mais feliz do mundo
E nem o mundo dessa pessoa.
Eu não quero nada!
(Carlos Rocha)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

JURAMENTO!




Purificado seja nosso corpo, nossa mente e nossa alma pelo árduo suor das batalhas.
E que nossas guerras sejam sempre travadas a favor do bem, mesmo que travadas em meio as mais profundas trevas.
E que nossas derrotas nos sirvam de lição.
Que nossas vitórias nos sirvam de lição.
Que nossa vida seja uma lição.
E se for preciso lutar,
Lutaremos!
Dia após dia.
Noite após noite.
Sem descanso.
Sem temor.
E mesmo que as batalhas sejam muitas.
Mesmo que as derrotas sejam muitas.
Não nos deixaremos abater.
E se cairmos, não ficaremos prostrados.
Mesmo que a guerra pareça perdida, não ficaremos sentados.
Não esperaremos pela derrota.
Não ficaremos chorando.
Nem esperaremos por milagres.
Lutaremos!
Lutaremos até o fim.
E quando isso acontecer.
Quando a derrota parecer inevitável,
Nos ergueremos!
E seremos nós mesmos nosso próprio milagre.
(Carlos Rocha)