sábado, 29 de outubro de 2011

Um novo pôr do sol


Enquanto o mundo se acaba em cinza, amargamente castigado pela civilização “humana”... Aguardamos por um novo amanhecer, uma nova chance, aguardamos a ilusão de um novo pôr do sol, onde tudo se tornará claro e vívido outra vez.

De braços abertos a beira de um precipício, aguardamos por uma solução divina que venha como um raio a nos libertar. Aguardamos a solução do insolúvel, a remissão de todos os pecados, ainda que continuemos eternamente a pecar.

Ouvimos atentamente os trovões e qualquer ruído perturbador a qual possamos nos fazer acreditar ser a voz de Deus, mas nos esquecemos que Deus nos fala no silêncio de nosso coração.

Nos perdemos tentando nos encontrar, nos odiamos tentando nos amar, nos destruímos tentando nos recriar. Na mais “divina decadência” tentando sem tentar... Esperamos um pôr do sol que não irá chegar.

 (Carlos Rocha)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O RETORNO



E naquela noite, a viagem que já fizera tantas vezes pelo mesmo caminho, parecia demorar uma eternidade. As sombras e luzes que passavam diante de seus olhos eram como laminas a penetrarem em seu cérebro, enquanto pensava em tudo o que já vivera até ali.

Todos os seus sonhos agora pareciam distantes, assim como todos os seus medos, sua angustias e preocupações, tudo agora não passava de pequenos fragmentos sem sentido...

Ele agora voltava para casa, voltava para sua velha cidade, seus velhos amigos, seus velhos hábitos... Ele voltava de uma maneira a qual jamais imaginaria, de uma maneira a qual jamais desejaria.

Foi tão grande a batalha, tão árdua, tão triste... Ele havia sido derrotado mais uma vez, mas agora perdera tudo, tudo que um dia acreditou ser “eterno”... E agora voltava para casa e trazia de volta o General de seu exercito e, para este, não haveria mais batalhas.

E enquanto a noite se estendia estrada a fora, a sua vida ia aos poucos tomando um novo rumo, um caminho inesperado, uma nova direção, uma nova história... Uma história a qual ele não estava preparado. Fora pego de surpresa mais uma vez, fora enganado, a vida mais uma vez lhe pregava uma peça... E assim começava uma nova era... E assim recomeçava sua vida... Entre o vazio e a escuridão, entre a estrada e a desilusão. Entre lagrimas... Mais uma vez! 

(Carlos Rocha)

domingo, 16 de outubro de 2011

“É estranho o que desejo faz as pessoas tolas fazerem.”




Da janela do meu quarto, no alto de um pequeno prédio, eu vejo as luzes distantes da cidade. Vejo alguns faróis reluzentes a vagar pelas ruas escuras ao longe e ainda mais longe posso ver algumas torres com suas pequenas e avermelhadas luzes. Os sons da cidade se misturam entre barulhos de carros, latidos de alguns cães da vizinhança, insetos e alguns pequenos murmúrios que se tornam indecifráveis, com um imenso silêncio que quase pode ser tocado.

A cidade tão grande e movimentada vista aqui de cima, mais parece uma pintura viva, vazia e solitária.  O céu cinzento de nuvens carregadas traz um ar de tristeza enquanto derrama pequenas gotas d’água que mais parecem lagrimas do que chuva e, ao mesmo tempo, uma leve brisa entra janela adentro tornando o quarto fresco e agradável.

Se tivesse que traduzir todo esse momento em apenas uma palavra, essa palavra seria: “Solidão”. E se pudesse fazer um desejo, eu desejaria ter azas para que assim pudesse saltar dessa janela e voar por entre essa pintura tão fascinante. Mas nesse momento surge repentinamente em minha mente o verso de uma música:

“É estranho o que desejo faz as pessoas tolas fazerem.”

Sim, é verdade! – Penso enquanto caio silenciosamente de minha janela para o vazio da noite cinzenta e as luzes da cidade, me tornando a própria solidão na imensidão dessa pintura viva.

(Carlos Rocha)