quinta-feira, 18 de março de 2010

Definitivo



Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

(Carlos Drumond de Andrade)

quinta-feira, 11 de março de 2010

É preciso correr riscos.


É preciso correr riscos. Só entendemos direito o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça.

Todos os dias Deus nos dá – junto com o sol – um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não percebemos este momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem e será igual a amanhã. Mas quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na hora em que enfiamos a chave na porta pela manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Esse momento existe – um momento em que toda a força das estrelas passa por nós e nos permite fazer milagres.

A felicidade às vezes é uma benção – mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia nos ajuda a mudar, nos faz ir em busca de nossos sonhos. Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões – mas tudo é passageiro, e não deixa marcas. E, no futuro, podemos olhar para trás com orgulho e fé.

Pobre de quem teve medo de correr os riscos. Porque este talvez não se decepcione nunca, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um sonho a seguir. Mas quando olhar para trás – porque sempre olhamos para trás – vai escutar seu coração dizendo: “O que fizeste com os milagres que Deus semeou por teus dias? O que fizeste com os talentos que teu Mestre te confiou? Enterraste fundo em uma cova, porque tinha medo de perde-los. Então, esta é a tua herança: a certeza que desperdiçaste tua vida.”

Pobre de quem escuta estas palavras. Porque então acreditará em milagres, mas os instantes mágicos da vida já terão passado.

(Paulo Coelho - Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei) 

sábado, 6 de março de 2010

Querem me corromper


Ultimamente tenho notado que muitas pessoas tem andado meio irritadas com minha forma de pensar e de agir, pois geralmente minhas opiniões são controvérsias e meus atos julgados como rebeldes. Sou um tanto quanto moralista, e isso também tem lhes irritado, pois a moral há tempos parece ter saído de moda e por todo o mundo parece que a moralidade anda incomodando. Tenho os pés firmes no chão, mas não abro mãos de meus sonhos e isso parece incomodar ainda mais, pois sou constantemente chamado de doido, lunático, idiota, sonhador e coisas do gênero. Querem que eu seja igual, que eu seja "normal", que eu seja apenas mais um na multidão. Querem me dobrar e, como se tratassem de um animal selvagem,  tentam me domesticarem, tentam a todo o custo me “normalizar”. Pois bem, continuarão a tentar, já que eu não eis de ceder, não me dobrarei a “normalidade patológica” a que eles pregam. Não me domesticarei e nem eis de me corromper a mediocridade de tantos “iguais”. Não serei mais um a seguir um sistema falido, pelo fato de muitos acreditarem que a maioria está sempre certa. E a esses “normais” que continuam a seguir as regras por acreditarem sempre na maioria, eu tenho apenas uma coisa a dizer: “Comam merda! Um bilhão de moscas não podem estar erradas!”

(Carlos Rocha)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Menina


Nas tardes tristes dos domingos, ela se perdia em seus sonhos de menina. Sonhava com um príncipe encantado que lhe buscava em um cavalo branco alado.

Passava horas ali, sob a sombra de um velho ipê, com a leve brisa que soprava em sua face e um brilho no olhar que parecia raio de luz ao amanhecer.

E seus pensamentos vagavam por mundos tão distantes... E se perdiam na imensidão do tempo... Por hora pensamentos vazios outrora desejos alucinantes.

Sonhava!
Sonhava com o dia que seus cabelos cacheados se cobririam com um véu branco diante do príncipe amado.

Ah, menina!...
Sonhe!
Sonhe, doce alma feminina!
Sonhe os mais belos sonhos de minina!




(Carlos Rocha)