quarta-feira, 27 de maio de 2009

Coisas de Criança



Dia desses ia saindo de meu trabalho e me deparei com um pipoqueiro e seu carrinho de pipoca. Os estouros das pipocas e aquele aroma maravilhoso (de gordura por sinal), fizeram me lembrar do tempo em que eu corria descalço pelas ruas de uma pequena e aconchegante cidadezinha. Lembrei-me das tantas "peladas", disputadas com os amigos, alí mesmo, no meio da rua, com traves improvisadas com "chinelos". Lembrei me dos tempos de escola e os colegas que percorreram por algum tempo comigo aquele mesmo caminho, professores que hoje, creio eu, já nem leccionam mais, uma escola que para mim, naquela época, era mais um parque de diversões, onde o aprendizado era apenas consequência de um dia de brincadeiras. Lembrei me das tantas batalhas que travei contra monstros que só eu podia derrotar em minha mente, um tanto quanto, "psicótica", batalhas intergalácticas, missões impossíveis, viagens submarinas. E lembrei-me então de velhos amigos, quais talvez nunca mais voltarei a encontrar em minha breve jornada pela vida. Mas o mais interessante é pensar que quando criança a gente torce para que o tempo passe logo, imaginando que nos tornaremos adultos e que com isso nos tornaremos, também, super-heróis e que o mundo continuará sendo um grande parque de diversões. E então a gente torce. E quando enfim a mágica acontece e não precisamos mais torcer, descobrimos que aquele parque de diversões que imaginávamos ser o mundo, nunca mais será igual. Descobrimos novos caminhos, encontramos novos desafios, descobrimos novas fontes de alegria e de prazer, encaramos novas aventuras. Mas jamais tornaremos a ser felizes como éramos antes, jamais teremos novamente aquele sorriso bobo na face e a inocente alegria de criança, alegria de estar vivo, de simplesmente estar vivo, sem ter que se preocupar com o dia de amanhã, a alegria de viver apenas um dia de cada vez, com a certeza de que: "O mundo nos pertence!" Pipocas estouram. Sinto agora o aroma da saudade. Saudade de um tempo que não volta mais. Saudade daquela rua que tantas vezes serviu de palco para nossas aventuras. Saudade daquela velha escola de turmas agitadas e "professores-mestres". Saudade de amigos que se perderam no tempo. Pipocas estouram. Sinto o aroma da saudade. Pipocas estouram, mas agora já se foi o tempo de criança. Somos adultos, a grande mágica aconteceu, não precisamos mais torcer. E agora a gente torce. E torce para que o tempo volte e que nos torne crianças mais uma vez. E a gente torce. E torce!
(Carlos Rocha)

2 comentários:

  1. Rapaz, que coisa. Nunca imaginei dois Kids no mundo (já disse isso hehehe). Mas é um prazer conhecê-lo, Carlos. =)

    Primeiro: vc tem a "manha" de escolher fotos hein! Linda essa aí!
    Segundo: adoro pipoca! hahaha Há algum tempo, em comentário no blog de uma amiga, eu disse exatamente que sinto saudade desse tempo, do pré-escolar, das brincadeiras com giz-de-cêra, das professoras que eram "tias", dos pés descalços... Adorava jogar bola na rua assim, de jeitinho aí! Quando as traves não eram os cinelos, eram pedaços de tijolos... Êta tempinho que bom que não volta mais, de fato. Mas não significa que perdemos os momentos bons. Agora eles são outros, os prazeres da vida adulta. Como vc mesmo disse, crescemos por um passe de mágica. Então não podemos deixar que essa magia se perca nas responsabilidades de pessoas crescidas!
    Um abraço e continue torcendo! Isso é o que importa!

    ResponderExcluir
  2. É... e pensar que a minha mágica acabou de acontecer!!
    Saudades da infãncia serão eternas...
    Faz sorrir quando se lembra =)
    O texto tá ótimo
    bjs

    ResponderExcluir